sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Como ondas de entulhos


Olá, caros leitores do processo do Retrato!

A semana passou como uma brincadeira boa, que acaba na melhor parte. Mas a postagem de hoje se destinará a comentar um pouco do que foi trabalhado na noite de ontem, quando passamos por mais uma condução do Silbat. O momento é de fazer muitos treinamentos físicos que nos ajudem a ter mais precisão e um perfeito reconhecimento de nosso cenário e figurinos = os objetos de descarte, e por isso, temos contado com a experiência que Rodrigo traz da dança pra nos ajudar nessa etapa.
O trabalho começou com um bolinho de nós quatro (Arlindo, Luana, Silbat e eu) no centro do espaço. Respirando juntos, de olhos fechados, tentando nos investigar internamente. São raros os momentos em que nos dispomos a escutar um pouquinho que seja o que o coração, o estômago, o sangue circulando, a pele, enfim, o corpo inteiro quer nos dizer. Pra um artista, essa é uma parte muito importante do trabalho.
Fomos convidados a espalhar, aleatoriamente e em silêncio, todos os nossos objetos pelo espaço. Sempre tendo o cuidado em perceber textura, peso, cor, de cada coisinha. Passamos então pra um exercício que tinha, basicamente, três focos: alongar o corpo, manter os apoios (pés, mãos, cotovelos, joelhos...) sempre em contato com um objeto e obedecer a um mesmo ritmo - tornando o deslocamento bastante fluido. Essa etapa foi se dinamizando de acordo com os estímulos que Silbat propunha.
    Trabalhamos a noite inteira em relação com os objetos. Fizemos séries de rolamentos variados, como quando tínhamos de sair de uma diagonal para a outra da sala, tentando carregar no corpo o maior número de coisas. Pra quem vê de fora é uma imagem muito bonita. Como ondas de entulhos passando por aquele chão cor de areia. Entulhos poéticos, principalmente pra nós, que já estamos tão familiarizados e temos afeto por cada pedacinho de tecido, caixa, miudeza.
Treinamos alguns saltos entre os espaços vazios também. Tudo isso pra adquirir, como falei anteriormente, precisão e familiaridade. No que se pisa, no que se pega, no que se joga, no que se coloca no corpo e transforma em parte de si. Finalizamos o trabalho tentando recuperar algumas figuras já criadas anteriormente e outras inéditas, no menor tempo possível. Um exercício crucial pra cena que pretendemos levar aos palcos daqui há dois meses, aproximadamente.  
 Como essa semana foi embora rapidinho, as outras também irão. Daqui a pouco tem espetáculo prontinho pra ser compartilhado. Chega a dar frio na barriga... mas que alegria será! 

Paulinha.

P.S.: Abaixo, uma foto da nossa nova sala de trabalho. Percebem o chão cor de areia?! Pois bem, é nele que o nosso suor tem se derramado nas últimas semanas. =)


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