quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Os corpos, os desobjetos e as dúvidas


Hoje o assunto é Claúdio Dias! Um dos nossos diretores da Luna Lunera Cia. de Teatro, de BH.
Para ler esse post, recomendo esta música, que nos moveu durante a semana de trabalho com o Cláudio: http://www.youtube.com/watch?v=1lgwmbr3dNs
Tão curtinha a música – assim como o tempo compartilhado juntos. Curto, porém cheio de graça e extremamente proveitoso. Com o Claúdio, um dos nosssos maiores desbravamentos foi o corpo, o corpo que pode ser corpo-palavra, corpo-imagem, corpo-ser, o corpo que compõe as palavras, que dá vida a elas.
O Cláudio nos movimentou, colocou holofotes da nossa frente e fez nossos corpos virarem poemas por si só, na cena. É muito importante sabermos mobilizar nossos corpos (nós, em nossa inteireza) dentro do trabalho, encontrar nossas verdades e agir segundo elas. Sinto que este trabalho, mais que qualquer outro, por ser nosso retrato, tem que estar em consonância com nossos corpos, que é afinal quem nós somos. As nossas vozes, mesmo que contaminados com a do Manoel, cheias das palavras do Manoel, apaixonadas pelas imagens do Manoel, só podem sair da nossa boca, segundo a nossa saliva, nosso entendimento, nossa força.
 Em termos de treinamento, o Claúdio introduziu para nós os View Points e o Contato e Improvisação, que temos continuado trabalhando até os ensaios mais recentes.
Outra coisa muito importante, e que vem sendo determinante nos últimos ensaios, é a questão introduzida por Cláudio sobre os objetos, ou os desobjetos. Manoel fala muito do cisco, das coisinhas miúdas, das coisas do chão, das coisas pertencidas de abandono. O Cláudio pediu que trouxéssemos esses objetos. Objetos nossos, de descarte. A partir deles, inventamos um milhão de coisas mais. “Sou capaz de inventar uma tarde a partir de uma garça. Sou capaz de inventar um lagarto a partir de uma pedra. (...) Experimento o gozo de criar. Experimento o gozo de Deus.” Enquanto artistas, foi isso que fizemos.
Nesse sentido, o trabalho do Cláudio se aproximou muito (e de uma forma que não havia sido planejada previamente) com o trabalho de Alex Cordeiro, nosso assistente de direção. Sincronia!
Cláudio alertou também para o fato de que daqui a pouco teremos de começar a fazer escolhas: dentre as mil possibilidades que o retrato oferece, quais seguiremos? Quais aprofundaremos?
Hoje concluímos com a dúvida.




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