quarta-feira, 16 de maio de 2012

Desvirginação

Aqui começa a publicidade e desvirginação do processo do Retrato do Artista Quando Coisa, projeto da Bololô Cia. Cênica, contemplado pelo prêmio Myriam Muniz da Funarte, inspirado pelo livro homônimo do Manoel de Barros e por todas as demais palavras e silêncios desse poeta tão lindo. 

Mas o Retrato - como carinhosamente o temos chamado - já vem sendo gerado no nosso íntimo há um tempo indizível. Um tempo assim imensurável, porque o tempo do íntimo é sempre relativo. Manoel foi uma semente que brotou em algum lugar de cada um de nós. Saramago diz que dentro de nós há uma coisa que não tem nome, e essa coisa é o que somos. Pois: Manoel pegou umidade dentro dessa coisa que não tem nome, foi se ramificando pelos nossos membros feito trepadeira que não tem fim e agora tá florescendo pelos nossos poros.
A direção do espetáculo vai pro Luna Lunera, que aceitou a irresponsabilidade de embarcar com a gente nesse universo do sem nome e do deslimite. Obrigada por isso!

Na madrugada do dia 12 de maio de 2012, Odilon Esteves chegou em Natal láááá de Belo Horizonte.
Eu pessoalmente e infelizmente tava morrendo de gastrite nervosa e não pude ir bololoá-lo no aeroporto. Mas no dia seguinte, quando nos encontramos todos para o primeiro encontro... me maravilhei. Ele queria saber da gente, falou pouco e escutou muito: a gente tudo tagarelando e querendo se dar a conhecer, oferecendo na mão uns corações quentinhos e cheios de paixão.

Eu to tão feliz. Exultante. Plena ainda do ensaio de ontem, que foi... um tesouro uma benção um rubi pra cravar na pele. Foi encontro. Foi trabalhar, foi ficar conversando escorregando em almofada, trocar segredo, abrir o peito, chorar o coração, foi deixar o olho do outro entrar, pegar na mão daquele jeito morno que ultrapassa a pele. Foi singelo e precioso. Daí não me resta nada a não ser ficar contente - porque sempre acreditei, partilhando com Grotowski, que teatro é encontro. Aqui ta sendo.  

Lua
(todos os bololôs me chamam assim, e gosto, e acho até que assim me esgueiro por dentro mais despercebidamente e penetro um pouquinho mais na poesia de Manoel)


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